quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Federal Reserve - Parte I

Créditos ao Blog Informação Incorrecta












A Federal Reserve, também conhecida como Fed: o maior banco central do mundo.
Por enquanto, claro.

Como nasceu? Qual a sua história?
O artigo que segue não quer ser exaustivo: só relata os acontecimentos essenciais duma instituição que, afinal, influencia de forma determinante a economia do nosso mundo.

1. A história

Antes da Federal Reserve existiram outros dois bancos centrais nos Estados Unidos.

First Bank Of United States
A primeira tentativa foi a First Bank Of United States, fundada após uma reunião do Congresso com não pouca resistência em 1791.
Funcionou tão bem que em 1811 a licença não foi renovada.

A segunda tentativa aconteceu em 1816, com a Second Bank of United States.
Também esta foi um sucesso, ao ponto de Andrew Jackson ter ganho as eleições presidenciais com a promessa de fecha-la. Coisa que efectivamente fez.em 1836.

Poucos anos antes, Thomas Jefferson tinha afirmado:
Se o povo americano alguma vez permitir que os bancos privados controlem a emissão de moeda, primeiro pela inflação e depois pela deflação, os bancos e as empresas que surgem tirarão ás pessoas a prosperidade até que filhos acordem sem casa no continente que os seus pais conquistaram.


1.1 A Ilha Jekyll e os Sete Hides

Jekyll Island
Ao largo da costa da Georgia, nos Estados Unidos, há quatro pequenas ilhas: uma desta é a Ilha Jekyll, 18 quilómetros quadrados rodeados por uma larga faixa de areal.

Não existem relevos, e a actividade principal é o turismo. Hoje plácidas garças descansam perto do mar, enquanto se ouvem os tacos baterem nas bolas de quem tenta emular Tiger Woods.

Pode não parecer, mas esta ilha foi testemunha dum dos eventos mais importantes do '900, um evento cujas consequências ainda podemos observar: a fundação da Federal Reserve e do actual sistema bancário internacional.

A Ilha de Jekill foi escolhida para a reunião decisiva: em 1910, os sete banqueiros mais potentes do mundo optaram pela criação dum cartel, o maior cartel do planeta, o dos bancos.

Nelson Aldrich e Frank Valderclip representavam o império financeiro dos Rockefeller;
Henry Davidson, Charles Norton e Benjamin Strong representavam J.P. Morgan;
Paul Warberg representava a dinastia dos Rothschilds, a família que também geria a riqueza do Vaticano; A.P.Andrews representava a facção política enquanto Secretário do Tesouro dos Estados Unidos.

A ideia era simples: um cartel bancário para controlar a emissão da moeda, tomar posse dar reservas áureas dos Estados, anular a convertibilidade e pôr em circulação moedas que não tivessem uma adequada cobertura em ouro. Este teria ficado assim nos cofres dos bancos privados.
De facto, até 1912 existiam, no caso dos Estados Unidos, Dólares de ouro e Dólares de prata, que davam direito, respectivamente, a meia onça de metal amarelo e uma onça de prata.
Era dinheiro com um valor real.

Mas havia um problema: três homens eram contrários ao projecto de abolir a convertibilidade da moeda. E não eram homens quaisquer.
  • Benjamin Guggenheim era o herdeiro do homónimo império, fundado pelo pai Meyer na segunda metade de '800. Um dois homens mais ricos do planeta.
  • John Jacob Astor IV, industrial e inventor, o mais importante representante da família Astor, outro dos homens mais ricos e influentes do mundo.
  • Isidor Straus, co-fundador do império Macy's, ex embaixador em França e Congressista dos EUA.
Guggenheim, Astor e Straus representavam um obstáculo difícil de superar.


1.2 Uma companhia azarada

O acaso, se assim desejamos pensar, encarregou-se de resolver o assunto.

Guggenheim, Astor e Straus morreram todos no mesmo dia e no mesmo navio: o Titanic.

Que, reportamos só como curiosidade, era de propriedade da companhia White Star Line, controlada pela International Mercantile Marine Co.: uma sociedade de J.P.Morgan.

O mesmo Morgan deveria ter participado na viagem inaugural do Titanic, mas em cima da hora decidiu abdicar.

Outra curiosidade: da International Mercantile Marine Co. era também o navio Lusitania, supostamente afundado pelos Alemães, facto que contribuiu de forma decisiva para a entrada dos Estados Unidos na I Guerra Mundial.

Alguns chamam isso de casualidade. Outros não.
Pontos de vista.

1.3 "Tenho arruinado o meu País"

Woodrow Wilson e o seu chapéu
Uma vez ultrapassado o obstáculo, a Federal Reserve foi criada no dia 23 de Dezembro de 1913, com uma proposta do Presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson. No entanto, o mesmo "pai" queria matar a própria criatura.

Um grupo de banqueiros cuidou da campanha de Woodrow Wilson, pois ele tinha prometido assinar a lei para a criação da futura Fed.

Em 1913, o senador Nelson Aldrich (o mesmo da reunião na Ilha Jeckill), avô materno do Rockefeller, promoveu o Federal Reserve Act no Congresso um pouco antes do Natal, quando o Congresso estava de férias . Uma vez eleito, Wilson aprovou a lei.

Mais tarde, arrependido Wilson, disse: "Tenho inadvertidamente arruinado o meu País"

Excelente previsão, que pecou só por ser tardia.


1.4 A Fed e a Grande Depressão

Uma das críticas acerca da qual o consenso é maior é que a Fed tenha sido parcialmente responsável (e talvez não só: ver a frente o capitulo "4. Documento") pela Grande Depressão

A Fed, de facto, agravou a recessão de 1929, desencadeando a Grande Depressão.
Depois do mercado das acções ter caído em 1929, a Fed continuou a contrair a oferta de dinheiro e recusou-se a salvar os bancos que estavam lutando nas dificuldades por causa da falta de dinheiro. Este erro, acusam os críticos, transformou uma possível recessão suave numa autêntica catástrofe.

Louis T. McFadden, que foi presidente do Comité House Banking nos anos '30 denunciou o poder do Fed. Descrevendo a Fed, realçou nos registos do Congresso, (páginas 1295 e 1296 de 10 de Junho de 1932):
Senhor Presidente, neste País, temos uma das instituições mais corruptas que o mundo já viu. Refiro-me ao Federal Reserve Board, um comité governamental, que traiu o povo e o Governo dos Estados Unidos do dinheiro suficiente para liquidar a dívida nacional.
O saque e as iniquidades do Federal Reserve Board e dos bancos da Federal Reserve custaram ao País dinheiro suficiente para pagar a dívida nacional várias vezes.
Esta instituição tem empobrecido e arruinado o povo dos Estados Unidos: faliu e tem praticamente falido o nosso governo. Fez isso através da má administração e de práticas corruptas dos abutres que a controlam.
McFadden não gostava muito da Fed.

E os problemas para o banco central não tinham acabado.
Uma história envolvida numa cortina de dúvidas vê no Presidente J.F.Kennedy um dos inimigos da Fed.


1.5 A controversa Ordem Executiva 11110

O assassinato de JFK
Com a Ordem Executiva 11110, de 4 de Junho de 1963, o Presidente delegava ao Secretario do Tesouro a faculdade de imprimir notas. Coisa que foi feita até a morte de Kennedy, 5 meses mais tarde.
Com o novo Presidente, Lyndon Johnson, a prática acabou, embora a Ordem 11110 tenha sido eliminada oficialmente só com o Presidente Reagan em 1987.

Um ano após a morte de Kennedy, em 1964, a Comissão da Câmara sobre a Prática Bancária e a Moeda, Subcomissão da Finança Doméstica, na segunda sessão do 88º Congresso, publicou um estudo intitulado "Factos acerca da Moeda" que explicava a essência da Fed:
A Federal Reserve é uma máquina que cria dinheiro. Pode emitir dinheiro ou cheques. Não tem o problema de cobrir os cheques, pois pode obter as notas de 5 e 10 Dólares, necessárias para cobri-los, simplesmente pedindo para imprimi-las.

1.6 A Fed hoje

Alguns economistas, como John Taylor, especulam que a Fed foi responsável, ou pelo menos parcialmente responsável, pela bolha imobiliária dos Estados Unidos. Eles alegam que a Fed manteve as taxas de juros muito baixas após a recessão de 2001.

Este facto, por sua vez, levou os que contraíram mútuos a ser imprudentes.
A bolha da habitação, em seguida, levou à crise de crédito, cujos efeitos ainda não acabaram.
A versão obviamente desmentida pelo então presidente Alan Greenspan.

Ron Paul, Congressista dos Estados Unidos e ex-candidato à Presidência:
Alan Greenspan
Os mesmos parlamentares, é o que diz a minha experiência, são muito ingénuos e não entendem, excepto aqueles poucos que têm que saber como o presidente da 'Comissão Bancária': está consciente de tudo, mas não quer saber e continua a perpetuar o mito que a Fed cria estabilidade e faz coisas boas para o crescimento económico ao mesmo tempo enquanto, pelo contrário, é culpada.
É ela que causou todos os problemas, que causou a recessão e o desemprego, o encolhimento dos mercados e todos os desastres que temos sofrido, mas em termos de relações públicas é excelente, pois tem convencido a maioria dos parlamentares de que é realmente necessária para manter a estabilidade, o crescimento económico e todas essas coisas bonitas.
Estas foram as palavras do professor Murray N. Rothbard, economista e vice-presidente do Ludwig von Mises Institute, instituto que dedica-se aos princípios do livre mercado e de dinheiro real:
O Sistema da Reserva Federal controla de facto o sistema monetário nacional, mas não presta contas a ninguém. Ela tem seu próprio orçamento, não está sujeita a auditoria e nenhuma comissão do governo pode realmente controlar as suas acções.
Uma recente tentativa de abrir a Fed para um controlo público foi feita em 1993.

O Presidente da "Comissão Bancária" do parlamento", Henry Gonzales do Texas, pediu uma revisão independente das operações da Fed: queria filmadas as sessões da "Comissão do Livre Mercado" e relatórios detalhados entregues dentro de uma semana, em vez de vagos relatórios publicados várias semanas mais tarde.
Gonzales também propôs que fosse o Presidente [dos EUA] a escolher os 12 directores dos bancos regionais da Fed, em vez dos potentes banqueiros.

Previsivelmente, o presidente da Fed, Alan Greenspan, opôs-se à mudança, e houve a surpreendente posição do Presidente Clinton. Ele declarou que a reforma teria feito "correr o risco de minar a confiança do mercado na Fed".

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